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Written on 16:40:00 by Maurício Angelo

Saudações,


Como praticamente estarei de férias em julho, tirando um mês da minha vida para fazer outras coisas que não necessariamente produzir conteúdo jornalístico e de assessoria 25 horas por dia, e alimentarei este site de modo esporádico, quando tiver tempo e a coisa for especial e realmente pedir, coloco abaixo os links diretos (para você não ter que procurar em páginas e páginas) das principais matérias já publicadas. Tem muita coisa interessante aí. Bon apetit!


Especial: Movin' Up #01 - Como você enxerga a música?


Especial: Movin' Up #02 - Pseudo-críticos, leitores e músicos


Especial: 2003-2008 - O Novo Mercado da Música


Especial: Entrevistas - Cenário Indie no Brasil


Especial: Jornalismo - Nas Entrelinhas do Caos


Especial: 40 Anos de Maio de 68: A Reflexão Não Será Televisionada


Entrevista: Herod Layne - Criatividade no Cenário Post Rock


Entrevista: Nuda - Cores, Sons, Personalidade


Entrevista: Nocet - 20 Anos de Rock N' Roll


Review de CD: Bellrays - Hard Sweet And Sticky


Review de CD: Scarlett Johansson - Anywhere I Lay My Head


Single: Lily Allen - I Don't Know/I Could Say


Single: Coldplay - Violet Hill


Single: Wilco - Glad It's Over


Single: Primal Scream - Beautiful Future


Review de Show: Nuda no Festival Outro Rock - Belo Horizonte/MG - 07.06.08


Listas: 100 melhores filmes da história por gênero


Listas: 50 hinos da música indie

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O Fim do Mundo Como o Conhecemos e o Novo Mercado da Música

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Written on 19:31:00 by Maurício Angelo

Junho de 2008. Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Os marcos geográficos ainda são resquícios de uma concepção atrasada, raízes dum tempo onde tudo tinha sua existência local e limitada. A primeira década do século XXI anuncia, mais do que nunca, o fim do mundo como o conhecemos. Ou, como este movimento anárquico chamado internet interfere diretamente na forma de se fazer, vender e comunicar cultura. Em especial, a música. Neste momento, enquanto as vendas de CD's encolhem expressivamente ano a ano, gravadoras, empresas, produtoras, bandas e público buscam novos caminhos para financiar um mercado que gera 50 bilhões de dólares anuais.



Não existe hora pior para se viver quanto eras de transição. Onde tudo desmorona, seca, renasce. O que conhecíamos é destruído, os padrões abolidos, o caos instalado, e o mercado e as pessoas, o capital e os seres humanos, continuam girando, perdidos, tateando as novidades ainda com um certo receio, sem saber como agir. Presos entre as tradições e o que de novo se anuncia, vamos aprendendo, a custa de muitos tropeços e um "pasmo essencial" a cada semana, cada mês. A verdadeira revolução social da música está só começando.



I - Prenúncio do Fim



Todas as formas tradicionais de se vender música estão agonizando, tentando entender como, em 5 anos, tudo se modificou. Rick Rubin, um dos maiores nomes da indústria, alto-executivo da Columbia Records, afirmou recentemente ao The New York Times que "numa era com música digital, iPods e todas as ferramentas para pirataria nosso modelo de negócios parece um dinossauro. A única forma da indústria musical sobreviver é se reinventar totalmente."



A declaração não vêm à toa. Somente no ano passado, as vendas de música no suporte físico (CD'S e DVD's) caíram 13% no mundo, de US$ 18,3 bilhões para US$ 15,9 bilhões de dólares. No Brasil não é diferente. No mesmo período, de 2006 para 2007, a quantia movimentada por esse mercado encolheu de R$ 454,2 milhões para R$ 312,5 milhões, redução de 31,2%. Foram vendidas 31,3 milhões de unidades, 17% a menos que o ano anterior. Em 1997, o Brasil ocupava o sexto lugar no ranking, com lucro total de US$ 1,2 bilhões de dólares e 100 milhões de unidades vendidas. Em 10 anos, nos valores da moeda estadunidense, a redução é de aproximadamente -84%.



loja com milhares de CD'S: imagem ultrapassada



A gravadora EMI (integrante das "Big Four", os quatro maiores conglomerados de música no mundo, completado pela Universal, Sony BMG e Warner, que detém aproximadamente 70% do mercado mundial), anunciou no início de 2008 um corte de 1 terço dos seus funcionários, além da redução dos gastos com marketing e da dispensa de vários artistas. O grupo espera com isso economizar US$ 391 milhões ao ano.



Eduardo Ramos, fundador do selo independente Slag Records, simboliza esta mudança: " O comércio físico de música virou comércio de arte/nicho. Quem compra formatos físicos ou são consumidores de artistas extremamente populares ou de nicho, o que sustentava a indústria era o meio termo, que parou de comprar cds por completo.... o que resta do comércio é ser o mais específico possível... saber com quem você está lidando. Os selos morreram completamente... hoje em dia selos prestam serviços para bandas. Não tem como pensar em lançar CDs, então não existe muito como ganhar dinheiro como selo que tem como atividade principal lançar discos."



Enquanto isso...



II - O avanço da música digital



A derrocada do suporte físico simboliza o movimento inverso que a música em formatos digitais experimenta. Segundo último levantamento da IFPI (Associação Mundial da Indústria Fonográfica), as vendas de música digital totalizaram 3,05 bilhões de dólares em 2007, número 48% maior que em 2006. Este nicho representa agora 15% do mercado global: cifra que era de 0% em 2003. Somente nos Estados Unidos, as vendas de canções via internet e celulares agora respondem por 30% da receita total da indústria.



E o Brasil segue o mesmo fluxo. O país, que nos últimos dois anos viu o nascimento de lojas online do UOL,Terra, a criação de diretórios locais do MySpace e LastFM, o suporte de empresas ao Trama Virtual, remunerando artistas pelo número de downloads, registrou números extremamente expressivos em 2007. O setor já representa 8% do mercado total de música no país, movimentando R$ 24,5 milhões. 76% disto vem da telefonia móvel e 24% da internet. As receitas pelas empresas de telefonia subiram 127%, enquanto a web teve crescimento de, simplesmente, 1.619%.



A tendência é natural e tem um suporte sólido. O Brasil conta atualmente com 130,56 milhões de linhas ativas de telefonia móvel. Aumentando nada menos que numa média absurda de 2 milhões de linhas ativadas a cada mês (eram 100 milhões em janeiro de 2007). Com o crescente barateamento de celulares mais avançados, que tem função de mp3 player, vídeo e internet (40% dos aparelhos atuais já são capazes de baixar faixas), potencializadas pelo lento mas considerável penetração do padrão 3-G, transferindo dados com velocidade de banda larga, em até 7MB por segundo, além de inúmeras outras funcionalidades. Outro dado importante é que, até o final de 2009, a Anatel prevê que os sinais das operadoras deverão cobrir todo o território nacional. Atualmente apenas as cidades acima de 30 mil habitantes têm essa cobertura. O mercado de telefonia fixa/móvel, banda larga e TV por assinatura fatura hoje R$ 150 bilhões anuais.



O setor de internet também registra bons números. O Brasil têm hoje 40 milhões de internautas, sendo metade residenciais (dentre os quais 75,6% tem banda larga) e metade de uso em outros ambientes, como no trabalho, em lan-houses, escolas, etc. O país é ainda é líder mundial em tempo de navegação por usuário, com 22 horas e 59 minutos ao mês.



Previsões dão conta de que, em 2012, a música digital irá representar 40% do faturamento do mercado fonográfico mundial, gerando 4,2 bilhões de dólares pela web e 17,5 bilhões através música móvel. O ITunes, loja virtual lançada pela Apple em 2003, tornou-se, em 5 anos, o maior veículo de vendas de música nos Estados Unidos, respondendo por 19% do mercado e vendendo mais de 5 bilhões de faixas neste período. Somado ao concorrente Napster, que nasceu de forma ilegal em 1999, sendo o primeiro programa relevante de P2P (compartilhamento de arquivos), e que em maio de 2008 anunciou o lançamento de sua loja online, os dois serviços juntos disponibilizam mais de 11 milhões de faixas para download, ao custo de US$ 0,99 dólar cada, reunindo catálogo de todas as grandes gravadoras e milhares de selos menores.




ITunes: 5 bilhões de faixas vendidas



III - A internet e o mercado de música independente no Brasil




As possibilidades, como vimos, estão abertas. O mundo da música em 2008 é radicalmente diferente do que era em 2003. Em 5 anos, tudo se expandiu, solidificou, novas ferramentas, softwares, lojas, idéias e sites surgiram, os meios digitais ficaram acessíveis à uma parcela infinitamente maior da população.



Para qualquer banda independente, ficar refém de grandes gravadoras e da velha maneira de se fazer e consumir é uma necessidade do passado. O MySpace, principal site de relacionamento focado na música, conta com 30 milhões de usuários e 5 milhões de bandas cadastradas. O SMD - Semi Metalic Disc - produto inventado no Brasil, permite prensar e vender seu próprio disco à um custo ínfimo, comercializado com o preço padrão de R$ 5 estampado na capa: com direito à tudo que um CD "tradicional" oferece, comportando até 60 minutos de gravações e com uma série de medidas inteligentes que baratearam o produto final. Ótima pedida para quem ainda precisa do suporte físico para vender em shows, enviar para a mídia especializada, etc.




MySpace: plataforma para novos lançamentos



A internet disponibiliza inúmeras ferramentas, todas gratuitas, para quem quer fazer seu próprio site, divulgar sua obra, registrar, disponibilizar para download, tornar seu nome conhecido no cenário. A "cena" brasileira de música independente passou a se fortalecer recentemente, dando origens à inúmeros festivais e coletivos em várias cidades do país que promovem shows, eventos e facilitam todo o processo da cadeia produtiva para que bandas surjam e aconteçam para o público ao qual se dirige. Um dos maiores exemplos é o festival Grito Rock, que em 2008 aconteceu em 44 cidades brasileiras e 3 gringas - sendo Montevidéu no Uruguai, Buenos Aires na Argentina e Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia - firmando-se como o maior evento do gênero no país, envolvendo mais de 500 bandas e presente em 20 estados.


Deste movimento surgiu o Circuito Fora do Eixo, que veio para integrar as pessoas envolvidas neste processo. Léo Santiago, editor do portal, explica a proposta: " O Fora do Eixo nasceu da movimentação que já existia em algumas cidades como Cuiabá, Uberlândia, Goiânia...diversos profissionais se reuniram em 2005 e viram a necessidade de se organizarem justamente para criar um circuito interligando tudo o que estava acontecendo em várias regiões do país e a partir daí começar a pensar ações conjuntas em prol do desenvolvimento da cena independente. Vale lembrar que na mesma época foi criada a Abrafin (Associação Brasileira de Festivais Independentes), o que deu ainda mais gás ao cenário."



Festival Fora do Eixo: uma das iniciativas


Para fazer frente ao monopólio da indústria, enfrentar o comodismo do público e alguns conceitos arraigados na mente dos próprios artistas é necessário toda uma concepção diferenciada, e séria, de se construir as coisas, como explica Léo: "A escassez de recursos financeiros, de veículos de comunicação e mesmo de população exige muito mais cuidado e esforço na hora de implementar ações, tudo é feito de forma solidária: existem objetivos a serem alcançados em conjunto e a auto-avaliação também é feita coletivamente. Acho que a grande questão do mercado independente hoje é ser cada vez mais auto-sustentável e diversificado. Existe um circuito com seus próprios veículos de comunicação e bandas que nasceram ali e podem sobreviver tocando neste circuito. Isso é fantástico, uma coisa impossível há poucos anos atrás quando não tínhamos a internet."


Christian Camilo, da banda Instiga, de Campinas - SP, é um desses músicos que desde o início utilizaram da internet para fazer todo o trabalho de divulgação. Em três anos de trabalho de base na web, o grupo já alcançou mais de 156 mil acessos no MySpace (disparado um dos maiores números entre bandas brasileiras), lançou 2 álbuns - o terceiro está por vir - e foi destaque pela BBC londrina, como uma das 20 "next big thing" e também da própria equipe do MySpace Brasil. Para ele "ter a chance de divulgar sua banda e espalhar sua música é uma maneira de poder alcançar um nível de expressão que só era possível as grandes corporações e aos ricaços que se aventuravam no mercado. Hoje, "ter uma banda na mídia" é quase a concretização dessa democracia artística - é da classe média que vem a maior contribuição em tempos de internet."



E para os produtores? Para quem organiza shows e faz a coisa acontecer ao vivo, como a internet funciona? Malu Aires, fundadora do festival BH Indie Music, ressalta que "as mídias não são convencionais, são eletrônicas e alternativas, portanto se faz necessária mais veiculação espontânea extinguindo o famoso jabá e publicações pagas. O público também se difere em idade e exigência, estando mais informados do que nunca. E o tempo é mais longo para quem emprega capital próprio e privado nas produções. A tecnologia é vital na divulgação de um trabalho independente. Devemos somar recursos com inteligência e equilíbrio de ações para um longo prazo."




Instiga: reconhecimento através da internet



Tantas facilidades podem criar um outro problema: o público se perder em meio à tantas bandas e tantos caminhos. A avalanche de grupos - muitas vezes de qualidade duvidosa - sobrecarregam a mídia, os canais de divulgação, patrocinadores, shows. O que diferenciaria um grupo no atual momento da música mundial? Como se destacar em meio a tantos nomes? O acesso fácil criaria o reconhecimento instantâneo? Indo além, ainda não restaria, entre a imprensa, um resquício de preconceito contra as bandas indie, fazendo com que elas não conseguissem espaço em veículos de maior alcance?



Estes são problemas que não escapam a quem participa do cenário. É o que afirma Dary Jr., vocalista e letrista do Terminal Guadalupe, de Curitiba/PR, banda que se firmou na internet e obteve bom reconhecimento de grandes medalhões da imprensa: "Um jornalista anglófilo e modernete do eixo Rio-São Paulo pode até dar uma torcidinha de nariz, mas não há como ser indiferente a um trabalho de qualidade. É o que eu sempre digo para as bandas afoitas em criar uma ampla rede de relacionamentos na mídia: você pode até ser herdeiro do Roberto Marinho, mas se a canção que fizer não for boa... pirotecnia visual e marketing? Sorry. A música é quem manda, amigo."




Felipe Gurgel, assessor de comunicação do projeto Noise-3D e baixista da banda O Garfo, de Fortaleza, completa: "Contrariando a expectativa que o senso comum tem de encontrar fórmulas prontas, essas mudanças colocaram a gente em um trânsito caótico de informação musical. Diria que nenhuma dessas (ferramentas da internet) atingem uma forma ideal. Mas acho que esse "trânsito caótico" tem uma carta na manga muito interessante: você estabelece um filtro para que artistas talentosos de fato encontrem seu público."




Terminal Guadalupe: no fundo, o que importa é a música



Felizmente, a qualidade não deixou de ser fator primordial para que uma banda mereça o espaço conquistado. Tudo que foi citado até agora encontra seu lugar numa série de festivais que surgiram e estão se solidificando na cena, com maior ou menor sucesso, caso do Abril Pro Rock, no Recife, o Mada e Do Sol, em Natal, Bananada de Goiânia, o Jambolada de Uberlândia/MG, o Calango, em Cuiabá/MT e tantos outros. Além disso, empresas/marcas vêm, nos últimos anos, apoiando de forma intensa este movimento favorável através da criação de seus próprios festivais e/ou do patrocínio e uso de bandas "alternativas" em comerciais, caso da TIM, Claro, Natura, Nokia, Portal Terra, Motorola, Vivo, Unimed, Sony, Orloff, Campari, Toddy, Levi's, West Coast, Usiminas, Sol, Oi, Petrobrás...com tendência a aumentar. É o apelo de um público diferenciado tornando-se atrativo financeiramente. Há música sendo feita, reconhecida, girando e acontecendo em todos os cantos do Brasil. Se antes incipiente, a internet e o formato digital é agora uma realidade acessível que deverá em pouco tempo tornar-se a principal fonte de lucro da indústria.



Fazendo uma ponte entre passado e futuro, além de exemplificar como a mídia fica neste caminho, Paulo Floro, editor da revista eletrônica O Grito, diz que "todo dia surge uma nova idéia que explora a web de maneira inteligente e lucrativa, mas ainda não se chegou a um modelo ideal (e talvez nunca chegue). Como jornalista, acredito que o disco, enquanto conceito deva existir. A idéia de "álbum" é muito importante para firmar o trabalho de uma banda, para ter uma idéia e uma unidade juntas num único conjunto, que é o disco. Mesmo que não seja lançado fisicamente, sua existência já funciona como agendamento, o que para imprensa é muito importante. O disco não irá morrer, o que está entrando em decadência são as formas de distribuição e comercialização tradicionais. As bandas precisam compreender este momento se quiserem adquirir relevância nos próximos anos."



Se em 5 anos o mercado mudou completamente, com alguns destes acontecimentos descritos aqui, será no mínimo curioso acompanhar, e participar, do que os próximos 5 nos reservam. Daí a importância de mover-se, não ficar parado - movin' on up - e estar atento para que todas as engrenagens sejam bem exploradas, com criatividade e trabalho sério.



O velho mundo diz "adeus". Você tem apenas que dizer "olá" para a verdadeira revolução social da música em todos os tempos. O "do it yourself" nunca foi tão verdadeiro. Retomamos o poder. Faço bom uso dele.



Fontes:



Todas as fontes para esta matéria, além de outras reportagens, dados, levantamentos e assuntos relacionados estão reunidos no link que fiz no Delicious:Mercado Música.

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O novo mercado da música e cenário indie no Brasil: entrevistas

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Written on 13:56:00 by Maurício Angelo

Como prévia de uma grande matéria que a Movin' Up está realizando sobre todas as transformações ocorridas no mercado mundial da música nos últimos anos e o cenário independente no Brasil, resolvi publicar aqui todas as 7 entrevistas feitas. Como apenas algumas declarações serão aproveitadas na reportagem final e dado o ótimo resultado das respostas, creio que é de interesse geral e de todos aqueles que alimentam a cena que isto pudesse vir a tona de forma completa.




Foram direcionadas perguntas semelhantes à 7 nomes da cena indie brasileira: Léo Santigo, editor do portal Fora do Eixo, Malu Aires, produtora e idealizadora do BH Indie Music, Christian Camilo, vocal e guitarrista da banda Instiga, Eduardo Ramos, fundador da Slag Records, Felipe Gurgel, da equipe de produção do projeto Noise-3D e membro do grupo O Garfo, Dary Jr., vocalista do Terminal Guadalupe e Paulo Floro, editor da revista eletrônica O Grito. As respostas dão um bom panorama do que acontece atualmente no mercado brasileiro/mundial e das opiniões de pessoas relevantes para a cena. As entrevistas estão reproduzidas na íntegra, sem nenhum corte. Aproveitem.


Léo Santiago - Editor do Portal Fora do Eixo



Quais as principais características do mercado independente de música hoje em dia?


Só há mercado onde existem relações de troca de bens por outros bens ou por dinheiro. Ou seja, só existe mercado independente de música onde os músicos recebem algo em troca por seus trabalhos. Sendo assim eu vejo dois grandes mercados consolidados atualmente no Brasil. Um é o do Eixo Rio-São Paulo e outro é justamente o do Circuito Fora do Eixo.


O primeiro é desorganizado e sua principal característica é estar localizado nos dois principais centros econômicos e populacionais do país. Se o sujeito fizer um show instrumental com um berimbal em SP vai ter gente pra ver porque existe público pra tudo numa cidade desse tamanho. Esse mercado é tão grande e tão ágil que se torna muito difícil ter algum tipo de organização. As coisas acontecem mais por iniciativas individuais ou de pequenos grupos do que pela existência de uma "cena" local. As coisas pipocam a todo momento por todo lado sendo, muitas veze, incorporados rapidamente ao mainstream.


Já o segundo é um mercado pensado e construído passo a passo durante anos justamente pra fazer frente a esse monopólio. A escassez de recursos financeiros, de veículos de comunicação e mesmo de população exige muito mais cuidado e esforço na hora de implementar ações, tanto que grande parte da cena é construída a partir de economia solidária, ou seja trocando serviços, sem o uso de dinheiro. Nesse mercado as coisas não acontecem por acaso: existem objetivos a serem alcançados em conjunto e a auto-avaliação também é feita coletivamente.


A partir disso acho que a grande questão do mercado independente hoje é ser cada vez mais auto-sustentável e diversificado. Existe um circuito com seus próprios veículos de comunicação e bandas que nasceram ali e podem sobreviver tocando neste circuito. Isso é fantástico, uma coisa impossível há poucos anos atrás quando não tínhamos a internet. Eu não ligo o rádio há mais de um ano, vejo pouquíssimas coisas de música na tv a cabo e mesmo assim nunca ouvi tanta música e tantas bandas legais como agora. Onde elas estão? Todas na internet. Quem acredita que o cenário musical brasileiro é aquilo que ouve na rádio e vê na tv está sendo passado pra trás. O problema é que grande parte do público é preguiçoso e está acostumado a consumir aquilo que chega até eles, mas na internet as coisas são um pouco diferentes. É preciso ter atitude e partir em busca do que você quer. Aliás acho que hoje, mais do que nunca, cenário independente se caracteriza pela atitude de quem faz a cena.



Como uma banda iniciante e/ou sem apoio de algum selo pode conquistar seu espaço?



Primeiro é preciso saber em que cenário você está inserido. Quais são as bandas, qual o tipo de público, os veículos, o perfil das casas de shows etc. O ideal é começar localmente. Conquistar espaços em sua própria cidade ou mesmo no bairro. Agregar amigos e outras bandas e tentar se organizar como coletivo é a melhor forma atualmente de dar visibilidade a uma banda. Posso citar o exemplo do Fórceps quanto a isso. O coletivo foi criado em outubro de 2007 em Sabará e chegamos a ter períodos em que não tínhamos sequer uma banda de trabalho autoral em Sabará com a qual pudéssemos trabalhar. Por outro lado, já tínhamos feitos dois festivais e o Fórceps já era conhecido por grande parte da cena independente nacional. Em abril quando surgiu a banda de rock instrumental 4 (www.myspace.com/4instrumental) eles encontraram um caminho já aberto e a banda está se beneficiando de todo o trabalho que fizemos meses antes. O Primeiro show foi no festival Minas Instrumental que é um festival grande, geralmente realizado na praça da liberdade em Belo Horizonte, tem cachê e estrutura legal. O myspace da banda foi criado em junho e em uma semana teve quase 300 plays. É mais do que qualquer outra banda de Sabará conseguiu em meses!


Então é isso: se organizar, fazer contatos e abrir novos caminhos. Também é necessário ter pelo menos umas 2 músicas bem gravadas e partir para uma divulgação séria, utilizando os veículos disponíveis na internet: myspace, lastfm, orkut, youtube, blogs etc. A partir deles o músico pode fazer com que as pessoas certas (público alvo, produtores, donos de casas de show, bandas....) conheçam a banda. Se for uma coisa organizada, essas pessoas já começam a olhar para você como integrante de uma cena o que é bem mais interessante. Se você grava uma música nova, vai fazer um show ou participou do trabalho de alguém, isso tem que ser notícia. Publique no blog mande release pra outros blogs com fotos de qualidade e link para o áudio.


Uma coisa fundamental que temos percebido que as bandas não fazem é frequentar os lugares certos. Não adianta ter uma banda e ficar indo em show de banda cover ou em boate de música mecânica. Você precisa ir onde seu público e as pessoas que interessam à sua banda vão, ou seja, principalmente nos shows e festivais. Durante o festival Eletronika e durante o Campeonato Mineiro de Surf foram realizados alguns seminários com convidados de grande importância como o Talles do Jambolada, o Miranda, o Lúcio Ribeiro, o Pedro Alexandre Sanches e várias outras pessoas. A média de público nesses eventos deve ter sido de 40 pessoas por dia, sendo que muitas nem eram músicos. Dá pra acreditar numa cidade que quer construir uma cena na qual nem os próprios músicos comparecem aos eventos feitos para eles? Esses eventos são uma oportunidade única de se informar, conhecer gente e divulgar seu trabalho, se você não comparece merece mesmo é ficar tocando para os próprios amigos o resto da vida.



Ah, e se depois disso tudo sua banda não emplacar......poupe nossos ouvidos e procure outra coisa pra fazer. Existem dezenas de modos de participar do mercado musical sem estar numa banda.


Como o Fora do Eixo atua nesta área? Como ele surgiu e qual seu objetivo?


O Fora do Eixo nasceu da movimentação que já existia em algumas cidades como Cuiabá, Uberlândia, Goiânia..... Diversos profissionais se reuniram em 2005 e viram a necessidade de se organizarem justamente para criar um circuito interligando tudo o que estava acontecendo em várias regiões do país e a partir daí começar a pensar ações conjuntas em pró do desenvolvimento da cena independente. Vale lembrar que na mesma época foi criada a Abrafin, o que deu ainda mais gás ao cenário.



Fazer parte do Circuito Fora do Eixo hoje é estar integrado a 20 Estados e ter a certeza de que seu trabalho chegará a estes locais. Para isso existem vários blogs, selos e festivais, além dos coletivos locais do portal Fora do Eixo (www.foradoeixo.org.br) para onde toda a produção converge. Com todos esses instrumentos à disposição dos músicos é cada vez menos necessário o suporte de gravadoras. E o mais interessante é que o Fora do Eixo tem menos de 3 anos e tudo o que já foi feito é só o começo. Um exemplo é o festival Grito Rock que em 2007 foi realizado em pouco mais de 20 cidades, número que dobrou em 2008. Acho que em 2009 o festival pode chegar perto de 100 cidades, lembrando que ele já realizado em outros países como no Uruguai que fez um festival com mais de 3 mil pessoas este ano.



Christian Camilo - Vocalista da banda Instiga



Como uma banda independente pode se auxiliar da internet para, saindo do nada, conseguir seu espaço?




A internet conecta pessoas muito diferentes em todo o mundo. São culturas, línguas, impressões e até jeitos de ser ouvir música que se distanciam muito de uma região para outra. Acredito que procurar podcasts, radios on-line e blogs que escrevem e divulgam música independente é um caminho muito interessante e que traz reconhecimento artístico e contribuições de crítica especializada em seu país e até no exterior. Mas algo certo além da divulgação é que quanto mais novidades, ou digamos, conteúdo você produzir como artista , maior será atenção que vai atrair dos amigos e de pessoas que por um motivo de simples curiosidade irão acompanhar seus trabalhos e notícias. Como um big brother, as pessoas estão interessadas em tudo que diga respeito a sua vida como compositor, ou artista.






As formas de comunicação/espaço na mídia advindas com as facilidades da comunicação online são realmente eficazes e abrem oportunidades para bandas indie? É um meio democrático? Não há nenhum preconceito herdado das mídias tradicionais por parte dos jornalistas?




Esse preconceito pode existir ainda mas tende a cair com o tempo. Agora, oportunidades para bandas indie dependem na minha opinião das relações que você como artista constrói com seus contatos e pessoas que conhece pessoalmente. Ter a chance de divulgar sua banda e espalhar sua música já é uma maneira de poder alcançar um nível de expressão que só era possível as grandes comporações e aos ricaços que se aventuravam empresariando no mundo da música. Hoje, "Ter uma banda na mídia" é quase concretização dessa democracia artística - da classe média que vem a grande contribuição em número de bandas e artistas hoje em tempos de internet. Algo muito semelhante ao que ocorria nas décadas que antecederam os mitos "Beatles" e "Elvis".




Malu Aires - Produtora de shows e idealizadora do festival BH Indie Music




Quais as principais características do mercado independente de música hoje em dia? Como uma banda iniciante e/ou sem apoio de algum selo pode conquistar seu espaço?




O mercado de música independente sempre existiu desde que o fonograma ganhou nome. As pessoas gravavam e ficavam andando léguas com um LP produzido com todo o dinheiro que tinham, atrás de gravadoras que pudessem prensá-los em larga escala, ou refazê-los em estúdio com tudo pago. Depois, as K7´s (fitas demos) fizeram esse papel de forma mais barata. Quem não conseguia gravadora, vendia de mão em mão em show aberto.



Quando entra a tecnologia digital, os CD´s tomaram espaço do K7. Mas como a mídia era a mesma usada no comércio das lojas, a definição "independente" teve que se fazer necessária para distinguir um trabalho de major, a um trabalho indie - feito com as próprias mãos.



A produção fonográfica, antes restrita à pessoas jurídicas, ganhou autorização independente à pessoas físicas - os autores. O termo "Independente" se calçou legalmente.





Hoje, com a morte prenunciada das gravadoras e com os selos fazendo exclusivo papel de distribuição, os independentes ficaram mais organizados e, vendo que a vendagem dos discos se devia a produtividade artística de shows, montavam suas próprias "barraquinhas" e consignavam cinco cópias por lojas onde passavam. A terceirização se fez desnecessária.





Queria deixar bem claro que independentes (bandas ou artistas) não são iniciantes. É jocoso e desrespeitoso esse termo. Fazer um disco, gravá-lo, mixá-lo e masterizá-lo de forma profissional, não é barato, nem tarefa para amador. A demanda de trabalhos independentes eclodiu em razão de uma nova postura para tratar a música como arte. Os artistas existem, os discos estão prensados, encapados e distribuídos, os shows sendo apresentados ao público, vindo ou não um executivo de gravadora interessado. Não somos órfãos das majors. Somos genuinamente e conscientemente independentes. Estamos no BH Indie Music, trabalhando com artistas que já possuem disco ou discos, já estão inseridos no mercado fonográfico e vendem discos de mão em mão há muitos anos.



O início de uma banda, sua formação, ensaios, composição de faixas, gravações demos, produção fonográfica de disco de trabalho, já foi superado. Uma banda iniciante que queira se definir independente, tem que ter disco e com registro fonográfico no ECAD. Tem que ter estrada, consciência logística, exercício profissional e legal do seu patrimônio intelectual para se definir independente. Sem esses cuidados atentos, um artista, um coletivo, não pode agir de forma séria e segura no mercado fonográfico. E, se depois de tudo isso, procura um executivo pra fazer o trabalho pesado, perde o título indie. O independente é auto suficiente e auto gestor.





Venho trabalhando para um mercado comum entre o comercial, hoje praticamente de massa e o independente que, organizado, ganha respeito, visibilidade e competitividade artística comercial.





O que acha das novas formas de se vender música, como SMD, ITunes, comércio de faixas digitais em máquinas na rede Wall-Mart, e caminhos como o MySpace e outras ferramentas?





Acho que um passo importantíssimo e respeitoso, vem fazendo o TramaVirtual. Este sim está atento ao direito reservado do autor e também cumprindo o papel de comercialização de fonogramas independentes no Brasil. É pioneiro e merecedor de atenção e imitação. As bandas que não estão atentas ao seu patrimônio (obra composta) que é intransferível e legalmente protegido em lei, contra duplicações exibições e distribuições não-autorizadas, perde em auto-estima. Desvaloriza o mercado independente que é rico e exclusivo em liberdade criativa.




Hoje, estes sites movimentam milhões em patrocínios. Publicar obras nestes sítios, aceitando termos de cessão aberta é comprometer com a propriedade do único bem que o artista tem - sua música, sua obra, sua execução conexa, seu fonograma e seu direito de propriedade sobre ela. As maravilhas de benefícios que se publicam dia-a-dia, não contam esse outro lado da história. Os artistas independentes ainda não ganham com shows para que seja aceito o discurso de uma divulgação compensatória e lucrativa. A obra é dada. Se contabilizada, teríamos no Myspace mais de mil discos vendidos por artista independente.




A tecnologia está chegando e trazendo todo mau hábito já exercido pelas gravadoras quebradas. Muitos artistas independentes vêem qualquer oferta como oportunidade. E algumas oportunidades podem selar a morte de suas carreiras, bandas e direitos sobre suas obras.


Mas a tecnologia a serviço da Lei do Direito Autoral, da Propriedade Intelectual e da distribuição transparente destes direitos, será sempre bem-vinda.




Para os produtores de shows, como este cenário afeta os eventos? Facilita ou não? Como é estar presente neste novo mercado, modificado tanto na forma de se vender quanto na mentalidade do público consumidor?





Temos nós, artistas independentes, que nos mantermos em alerta para não nos tornarmos "artistas virtuais", com fonogramas digitalizados sem registro de autoria no Myspace e shows apresentados pelo play do YouTube.



Fonogramas dispersos não compõem uma obra, como exerce o papel do álbum em começo, meio e fim. Quem mais deverá agradecer daqui há alguns anos, é o público quando, disco, show e faixa forem tratados com igual atenção e zelo pelo artista.




Devemos estar atentos de que o mercado musical de entretenimento, com a invasão do cenário independente, pede mudanças e posturas diferenciadas ao que vinha sendo empregado pelo mercado de massa. As mídias não são convencionais, são eletrônicas e alternativas, também se faz necessária mais veiculação espontânea extinguindo o famoso jabá e publicações pagas. O público também se difere em idade e exigência, agora, estando mais informado do que nunca. E o tempo é mais longo para quem emprega capital próprio e privado nas produções.



Se a tecnologia avança em visibilidade e divulgação de um trabalho independente, que os produtores usem essa informação como ferramenta de promoção de seus eventos. Devemos somar recursos com inteligência e equilíbrio de ações para um longo prazo.


Os shows e os discos, sempre foram tratados de forma distante, mas congruente. Discos vendem shows e shows vendem discos. Mas produtores de eventos e shows não são, necessariamente os produtores fonográficos e, muitos, estão se preocupando com bilheteria e número de cervejas vendidas, mais que grades de programação e tecnologia sonora.





Mais atitudecom a produção artística e menos postura de produção musical, pede a cena independente. Uma atenção única centrada em benefício do artista independente e sua performance, geraria uma auto-sustentabilidade maior para as bandas e para esse novo mercado de música. Boa performance com qualidade de exibição sonora atrai a vendagem de discos, que deveriam ter sempre exposição nos locais de show - festivais e casas. Um supermercado de ofertas dos produtos gerados pelo artista, num mesmo local. O show é a exposição física - essa é a visão imediata que devemos ter, na gestão do entretenimento sobre o cenário atual independente.





Os produtores de shows e também de casas, estão perdendo um filão de mercado quando não enxergam o apelo que a música independente pode criar em benefícios de atrativo ao público, quando, em fato, ele espera sempre ser surpreendido.



Mas o avanço comercial de trabalhos independentes, promete mudanças ainda mais drásticas em toda a máquina do entretenimento musical convencional. É aguardar mais alguns poucos anos e, logo, estaremos surpresos com a auto-gerência que os independentes podem desenvolver, se não surgirem, há tempo, parcerias verdadeiramente colaborativas.




Eduardo Ramos - fundador do selo Slag Records




O que acha das novas formas de se vender música, como SMD, ITunes, comércio de faixas digitais em máquinas na rede Wall-Mart, e caminhos como o MySpace e outras ferramentas?


Eu tenho certeza que tem gente ainda disposta a pagar por música. Questões de preço e oportunidade precisam ser levadas em consideração. Por exemplo o SMD é algo que funciona muito bem para quem vende CDs em show... no calor do show as pessoas querem comprar algo e um CD de 5 reais é absolutamente perfeito. O Itunes é o maior repertório na sua frente... só falta melhorar o preço e existir no mundo todo... o Wal Mart é o meio termo... um bom repertório com um preço competitivo... mas acho que estes quiosques tendem a morrer... e o Myspace é a maior rádio/revista/catálogo/tv do mundo e a única que é mundial... e hoje em dia, quem não está no myspace não existe.



Para as gravadoras, com tantos recursos digitais, faixas disponibilizadas gratuitamente na internet, artistas colocando discografia inteira para download de modo oficial...o que resta do comércio físico de música? Como os selos estão se adaptando ao mercado? O que isto traz de bom e ruim para o cenário num todo?



O comércio físico de música virou comercio de arte/nicho. Quem compra formatos físicos ou são consumidores de artistas extremamente populares ou de nicho, o que sustentava a indústria era o meio termo, que parou de comprar cds por completo.... o que resta do comércio é ser o mais específico possível... saber com quem você está lidando e a cada minuto do dia fazer a pergunta: eu preciso mesmo fazer um formato físico? Eu faço consultoria para bandas e algumas delas estão fazendo discos em vinil, por uma questão de que o público deles gosta de consome vinil... paga um bom valor por este tipo de formato.



Os selos morreram completamente... hoje em dia selos prestam serviços para bandas. Não tem como pensar em lançar CDs, então não existe muito como ganhar dinheiro como selo que tem como atividade principal lançar discos. No meu caso eu tornei a Slag mais uma consultoria/produtora, aonde eu trabalho com bandas para realizar planos de marketing e estratégia... e sinceramente os resultados já começam a aparecer. Mas a primeira pergunta que eu faço para uma banda é: o que você quer fazer? Deste ponto em diante pensamos em uma estratégia. Ainda tem muito público e maneiras de chegar neste público... e obviamente, ganhar dinheiro com isso. Se é a sua audiência ou uma empresa que vai pagar a conta, é uma questão de quem coloca a mão no bolso.



Não sei o que de ruim traz para o cenário, porque isto - pelo menos para mim - está um tanto quanto muito novo... mas posso dizer que hoje trabalho com mais bandas do que quanto obrigatoriamente tinha que lançar um disco da mesma para fazer parte do meu selo.




Dary Jr. - Vocalista da banda Terminal Guadalupe




Como uma banda independente pode se auxiliar da internet para, saindo do nada, conseguir seu espaço? Qual a experiência do Terminal Guadalupe?


Nós identificamos portais, sites, webradios e blogs especializados em música independente. Depois de listar os mais importantes, adotamos formas diferentes de dar atenção a cada um deles. Isso significa trabalhar canções específicas, versões alternativas, gravações ao vivo. Com isso, quem recebia os nossos mp3 sempre valorizava a banda por receber algo com uma certa dose de "exclusividade", ainda que temporária. Outro dado importante foi manter esses veículos sempre informados. Em média, enviamos cinco boletim de notícias sobre as atividades do Terminal Guadalupe por mês. Aí, no caso, é bom não confundir com notas "fabricadas". É preciso dar informação de verdade: uma mudança de integrante, a lista de canções do próximo álbum, por exemplo. O vídeo da última viagem da banda pode interessar ao fã, mas não ao jornalista. Portanto, bom senso ajuda nessa hora.


As formas de comunicação/espaço na mídia advindas com as facilidades da comunicação online são realmente eficazes e abrem oportunidades para bandas indie? É um meio democrático? Não há nenhum preconceito herdado das mídias tradicionais por parte dos jornalistas?


Eu diria que é mais democrático, sim, embora muitos desses comunicadores virtuais às vezes se dêem tanto valor e exibam uma vaidade comparável a vacas sagradas da grande imprensa. Um jornalista anglófilo e modernete do eixo Rio-São Paulo pode até dar uma torcidinha de nariz, mas não há como ser indiferente a um trabalho de qualidade, mesmo que seja cantado em português e sem programações eletrônicas. Nós conseguimos nos firmar com um som fora de nichos: não somos emo, não somos Strokes, não somos Los Hermanos, não somos mod, não somos eletro. É o que eu sempre digo para as bandas afoitas em criar uma ampla rede de relacionamentos na mídia: você pode até ser herdeiro do Roberto Marinho, mas se a canção que fizer não for boa... Pirotecnia visual e marketing? Sorry. A música é quem manda, amigo.


Felipe Gurgel - Projeto Noise 3-D e banda O Garfo



Quais as principais características do mercado independente de música hoje em dia?


Ainda não enxergo o ponto em que se possa chamar o circuito independente de "mercado". Na engrenagem do mercado todas as partes saem ganhando algo e isso nem sempre acontece ainda. É notório e empolgante o fato de que o poder público e certa fatia do empresariado - ainda que vagarosamente - têm reconhecido esse "nicho" e algumas pessoas conseguem trabalhar. Sinto falta de um sentido de cooperação maior. Os músicos ainda sonham com altos padrões de viagens em turnês, palcos gigantes, etc... Não conseguem visualizar simplesmente viver numa condição decente e conseguir pagar suas contas, tem que ter sempre mais superficialidades. Bem ou mal, há muita movimentação sim, o circuito é dinâmico. Mas o termo "independente" sequer é levado a sério por vários músicos, mesmo que eles façam parte desse circuito. Então, se nem eles estão a fim de encarar uma nova forma de trabalhar - sem os pés fincados em manias de grandeza - como se pode pensar em mercado independente? Regalias fazem parte de uma lógica extremamente dependente. Acho que esse é o nosso maior atraso em relação ao desenvolvimento desse mercado. Mesmo porque os que toparam trabalhar sério, sem a ilusão de esperar pelo sucesso, acabaram se dando melhor.


O que acha das novas formas de se vender música, como SMD, ITunes, comércio de faixas digitais em máquinas na rede Wall-Mart, e caminhos como o MySpace e outras ferramentas?


Fantástico. Tenho 25 anos. Eu cresci com a evolução dessas ferramentas, então minha visão de mundo hoje é totalmente influenciada por essas novas mídias que mudaram a forma das pessoas consumirem música. Mas contrariando a expectativa que o senso comum tem de encontrar fórmulas prontas, essas mudanças colocaram a gente em um trânsito caótico de informação musical. Diria que nenhuma dessas mídias atinge uma forma ideal. O My Space tem evoluído bastante, sobretudo porque você percebe uma direção de conteúdo até certo ponto saudável - equilibrando destaques que chamam público para o site e a exposição democrática. Acho que esse "trânsito caótico" tem uma carta na manga muito interessante: você estabelece um filtro para que artistas talentosos de fato encontrem seu público. A minha preocupação é que isso de fato atraia investimento e o consumidor tenha condições de usufruir desse amplo leque de opções. É dar murro em ponta de faca achar ruim o fato de que hoje você conhece algumas bandas em um determinado instante para talvez não ouvir nunca mais, de tanta música para escutar. A mudança de cultura já aconteceu. Antes você tinha uma oferta bem menor, não se compara.


Para os produtores de shows, como este cenário afeta os eventos? Facilita ou não? Como é estar presente neste novo mercado, modificado tanto na forma de se vender quanto na mentalidade do público consumidor? Qual a experiência do Noise-3D?


Costumo dizer que o grande desafio é levar o público que tem o hábito de baixar mp3 para os shows de banda independente e autoral. As novas mídias contribuem para um processo que ainda precisa ser bastante alimentado: fazer com que as pessoas estejam a fim de escutar coisa nova. É claro que de algumas formas facilita para os produtores. Quando que uma banda independente de Fortaleza teria a condição de ter um feedback decente de um show em Natal, por exemplo, não fosse a Internet, as redes sociais, etc? O problema é que a facilidade gerou acomodação também. Se uma banda tem pouca audiência no próprio fotolog, adianta divulgar o show só por ali?



Estar presente nesse "novo mercado" é conseguir visualizar a cadeia produtiva, sem nutrir expectativas somente pelo palco. Acredito que o artista valoriza mais o todo quando passa a entender, e sobretudo cumprir, as etapas do processo. A experiência do Noise 3D já dura mais de 5 anos, porém minha relação direta com a marca é recente. Trabalho com o Dado (idealizador e principal produtor do projeto) desde Janeiro de 2008. O Noise já batizou um clube que foi muito importante para a cena de Fortaleza, integrado com o que acontecia fora daqui também. Depois que o clube acabou, entrei como parceiro da festa por acreditar que ela cumpre não somente a função de entreter: o Noise, através da discotecagem do Dado e DJ´s convidados, é a "rádio" que orienta uma galera a fim de ouvir som novo. Há um compromisso cultural de alimentar a sensibilidade desse público. Isso ajuda as pessoas a compreender o trabalho das bandas autorais, acho fantástico. Meu papel é de bastidores: sou assessor de comunicação do Noise, apesar de hoje trabalhar também como "sócio" nas edições comemorativas com bandas nacionais. O resultado tem sido interessante e a festa passou a ter um reconhecimento maior de patrocinadores e apoiadores.



Paulo Floro - editor da revista eletrônica O Grito



Quais as principais características do mercado independente de música hoje em dia? Como uma banda iniciante e/ou sem apoio de algum selo pode conquistar seu espaço?



O mercado independente de música está crescendo. O que está em queda são as antigas relações gravadora-artista, sobretudo no mainstream. O CD hoje é apenas um suporte de divulgação das bandas, não sua sustentação principal. Tanto no Brasil quanto na Europa e EUA, pequenos selos ganham relevância com artistas alcançando sucesso de público e crítica. E isso não é conseguido com vendagem de discos e sim, com uma boa divulgação, shows e, claro, alguma qualidade e criatividade. Para conquistar seu espaço, as bandas novas hoje em dia precisam conhecer como funciona o mercado em que estão entrando. Se entrar com uma visão romântica de que serão acolhidos por uma grande gravadora e ficarão ricos, vão quebrar a cara. Isso pode até acontecer, mas eles precisam se perguntar até que ponto irão abrir mão da liberdade criativa para fazer sucesso. O modelo mais utilizado e coerente é trabalhar em parceria com pequenos selos independentes. Aqui no Brasil, ainda há muito o que crescer neste sentido.


O que acha das novas formas de se vender música, como SMD, ITunes, comércio de faixas digitais em máquinas na rede Wall-Mart, e caminhos como o MySpace e outras ferramentas?



Recebi alguns discos de bandas independentes no formato SMD e achei bem interessante. Acredito que as bandas e selos devam buscar outras formas de comercializar música. Mas também precisam ficar cientes de que os outros formatos podem conviver normalmente. Ainda não encontramos o momento ideal da comercialização de música pela internet, mas este comércio naturalmente irá será a regra no futuro. As próprias gravadoras já descobriram que não adianta mais lutar contra isso e agora, buscam formas de lucrar com a web. Enquanto isso, todos procuram maneiras criativas de distribuir seus trabalhos. Até uma das maiores bandas do mundo, o Radiohead, acirrou esta discussão sobre o valor da música.



Para os jornalistas, o que está nova realidade representa?



Como falei, estamos vivendo esta nova realidade e fica difícil prever o que o futuro reserva para a distribuição de música. O que sabemos é que a internet será o veículo principal tanto na comercialização quanto no download gratuito. Todo dia surge uma nova idéia que explora a web de maneira inteligente e lucrativa, mas ainda não se chegou a um modelo ideal (e talvez nunca chegue). Como jornalista, acredito que o disco, enquanto conceito deva existir. A idéia de "álbum" é muito importante para firmar o trabalho de uma banda. Ninguém baseia uma carreira apenas em faixas dispersas. Precisa ter uma unidade, uma idéia, juntas num único conjunto, o disco. Mesmo que não seja lançado fisicamente, sua existência já funciona como agendamento, o que para imprensa é muito importante. Na revista recebemos muito email de bandas querendo divulgar o trabalho, mas as que mais receberão destaque são as que têm algum disco pronto, mesmo que nunca lançado em formato físico. O disco não irá morrer, o que está entrando em decadência são as formas de distribuição e comercialização tradicionais. As bandas precisam compreender este momento se quiserem adquirir relevância nos próximos anos.


Links:


Fora do Eixo


Instiga


BH Indie Music


Slag Records


Terminal Guadalupe


Noise 3-D


Revista O Grito

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40 anos de Maio 68: a reflexão não será televisionada

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Written on 12:02:00 by Maurício Angelo

, "comemorar" maio de 68 é uma situação estranha. E este texto não começa com uma vírgula, herança direta do artifício usado por Clarice Lispector em algumas de suas obras, por acaso. A vírgula, logo no início, sem aviso prévio, simboliza que algo já aconteceu antes...alguma coisa esteve presente na experiência, na teoria e no imaginário social para chegarmos do ponto onde esta reflexão se inicia.




O que é a TV? Uma tela inócua de representação do mundo? Entretenimento, notícia, cultura? É um meio com vida própria? Teria ela identidade política? Nenhuma das primeiras respostas que possam vir à mente devem, a princípio, serem aceitas. Para o teórico da comunicação Joshua Meyrowitz, autor do premiado "O Impacto Da Mídia Eletrônica no Comportamento Social", a TV foi um dos principais elementos responsáveis pela onda de revoltas que culminaram no maio de 68. Como nova mídia, ela rompia com a relação entre mitos e realidade social paulatina (e separada), com que as crianças e por conseguinte a população, absorviam estes dois aspectos, que agora eram despejados de uma vez. O mundo agora explodia em calor, caos, contradições, imagens, sons, atmosferas, cores...




Após um período de vislumbramento, a TV passou a ser atacada por manipular (conceito clichê-fetichista explorado à exaustão) esta mesma realidade que ajudou a criar. Haviam achado a causa do mal-estar do século. Em resposta à TV, os jovens de 68 tentaram criar seus próprios meios de expressão: grafites nas ruas de Paris, os cartazes em diversas revoltas juvenis, o teatro de guerrilha, os sit-ins, love-ins, teach-ins, festivais hippies, festivais de rock, experiências coletivas com drogas, experiências místicas, show de luzes psicodélicas, shows multimídias, imprensa underground, psicodramas coletivos em instituições culturais ocupadas pelos movimentos juvenis, arte gráfica, canções provocativas nas manifestações, etc (GROPPO, 2001).




40 anos depois, absorvidos pelo establishment - termo anglicano que sugere muito mais profundidade do que o simples "sistema" - sobrou apenas o espetáculo. Da sombria teletela de George Orwell ao próprio Guy Debord, ele mesmo - ironia - espetacularizado e tornado "pop", de muitas releituras duvidosas, a TV não só passou a ser como permanece o meio de comunicação mais popular e de maior penetração na sociedade.




Maio de 68 não teria apelo suficiente para ganhar espaço nos principais telejornais e programas da TV brasileira? No ano em que o acontecimento inteira 4 décadas, não ganhamos muito mais que o silêncio. Ao contrário de revistas, jornais e a internet, que dedicaram algum momento para explorar temas relacionados ao maio vermelho, o que se vê é uma omissão dos canais de televisão aberta no Brasil, bem como uma cobertura muito tímida dos fechados. Globo/Globo News, Bandeirantes, SBT, Rede TV, Record, GNT...muito pouco, ou nada, se foi falado sobre a revolta que, em grande parte, moldou a sociedade que temos hoje. O que eles temem? O que há de tão inflamável?




Não resta muito com o que se preocupar. A "contracultura" já foi exaustivamente transformada em venda de discos, revistas, vestidos de moda, tráfico de drogas e pornografia; o que era underground tornou-se um crescente novo mercado nos Estados Unidos; houve incremento na indústria de livros com a demanda por obras de Marx, Lenin, Trotsky, Mao e de novos pensadores radicais como Fanon, Reich, Goodman, Wright Mills, Marcuse e Debray - além do assédio aos líderes estudantis Cohn-Bendit e Dutschke para a edição de seus pensamentos à época; as gírias e linguagem juvenis foram adotadas pela publicidade; a queda de tabus relativos à sexualidade transformaram-se em uma grande nova fonte de lucro, gerando verdadeiros complexos industriais em torno de revistas pornográficas e por aí se segue.





Cena do filme "The Wall", de Alan Parker





A mídia, claro, não só teve influência decisiva nisto, como já se cansou dela mesmo. "Papel social" é uma mentira bem contada - para quem quer acreditar - quando na verdade a visão mercantilista não é só alimentada, como regra. O que resta de crítica na TV brasileira hoje são iniciativas de programas como Observatório da Imprensa, Roda Viva e Provocações, todas veiculadas por uma emissora que ainda não definiu se é pública ou privada. Mas, na dúvida, é bom ficar em cima do muro: vende-se para os dois lados.




Este padrão de TV asséptica, acéfala, neutra e covarde, nivelada pela ausência de qualquer coisa que possa "comprometê-la", é tão fajuta e oca como a imensa parte do "jornalismo" que temos à disposição. Ela diz que é melhor esquecer maio de 68. É melhor esquecer porquê, pra ela, ele já não significa nada.


Debord disse logo nas primeiras páginas de "Sociedade do Espetáculo", segunda tese, que: A realidade considerada parcialmente desdobra-se na sua própria unidade geral enquanto pseudo-mundo à parte,objeto de exclusiva contemplação. A especialização das imagens do mundo encontra-se realizada no mundo da imagem autonomizada, onde o mentiroso mentiu a si próprio. O espetáculo em geral,como inversão concreta da vida, é o movimento autônomo do não-vivo.


Enquanto nos preocupamos em assistir, não sobra tempo para viver. A mídia televisiva omite-se porque nós permitimos. Ela não está preocupada em interpretar a realidade porque, como Maio de 68, tudo que interessava ser sugado já foi. No máximo, encarado como "matéria de agenda", os 40 anos do acontecimento se apequenam nas telas apertadas onde boa parte da população brasileira vê o mundo. É uma metáfora válida para como se encontra boa parte de nós, espectadores: diminutos, acomodados, esperando a ração midiática do dia. Afinal de contas, pensar dá trabalho. E quem tem tempo para uma bobagem dessas, não é mesmo?



Referências:


GROPPO, Luís Antônio. Mídia, Sociedade e Contracultura. In XXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Campo Grande, MS, 2001.


DEBORD, Guy. A Sociedade do Espetáculo. Editora Contraponto. Rio de Janeiro, 1997.


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1 Mês de Movin' Up: Análise

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Written on 12:21:00 by Maurício Angelo


Cheers!


Hoje, dia 19 de junho, completa 1 mês que o site está no ar. Rodando ainda em formato blog - pelo qual permanecerá durante um tempo - estes 30 dias me foram mais produtivos e interessantes do que esperava. Muito trabalho, ajustes técnicos, implantação de ferramentas, edições e reedições, todo um trabalho de base na web que o leitor não vê, várias mudanças de visual...começando, lentamente, sob muita "tentativa e erro", fazer a coisa acontecer.


Em 1 mês, foram 57 postagens e um equilíbrio muito grande entre o mundo pop de maneira geral e a cena brasileira, com 21 e 17 matérias respectivamente. De conteúdo especial tivemos um artigo sobre jornalismo, meu relato e minha crônica pessoal do meio, um review de show (o Nuda, de Recife, no Festival OutroRock em Belo Horizonte), duas resenhas de CD (Scarlett Johansson e Bellrays), 4 reviews de singles (Coldplay, Lily Allen, Primal Scream e Wilco) e três entrevistas: Herod Layne, de São Paulo, o Nuda e a Nocet, do Rio Grande do Sul, bandas de estilo completamente diferentes e que vão, literalmente, de uma ponta a outra do litoral brasileiro. Fora as já publicadas, 3 entrevistas estão prestes a sair do forno...duas nacionais, com bandas de destaques em áreas também distintas, e o debut internacional.


A primeira enquete-teste deu um resultado inesperado, sendo encerrada hoje dando lugar a uma nova com o seguinte retorno: 4 leitores (23%) disseram ouvir mais MPB, 3 pessoas (17%) apostaram num "outro", que é sempre intrigante, rock, pop, samba e cena brasileira empataram com 2 votos cada (11%) e dois solitários escolheram jazz e hardcore. Apesar da amostra baixa, agradeço a quem votou - natural por um sítio ainda tão incipiente - fico feliz em constatar o espectro amplo que rondam os leitores da Movin' Up. Um erro foi ter limitado a escolha a um único estilo. A nova enquete visa medir a recepção que uma mídia física ainda tem no público. Vote ali do lado.


Aos poucos as coisas vão acontecendo, com várias mudanças e, trabalharei para, levar um conteúdo diferenciado a quem chega por aqui. E vamos tocar o barco porque idéias é o que não faltam! Até breve.

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100 melhores filmes da história por gênero

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Written on 00:07:00 by Maurício Angelo

O Instituto de Cinema "Americano" (AFI), quebrou o protocolo de apenas lançar listas anuais de melhores filmes e elegeu nesta quarta-feira, 18, uma lista do que eles consideram os 100 melhores filmes de todos os tempos, divididos em categorias. Divirta-se:



Gângster


1. "O Poderoso Chefão" (1972), de Francis Ford Coppola


2. "Os Bons Companheiros" (1990), de Martin Scorsese


3. "O Poderoso Chefão 2" (1974), de Francis Ford Coppola


4. "White Heat" (1949), de Raoul Walsh


5. "Bonnie e Clyde -Uma Rajada de Balas" (1967), de Arthur Penn


6. "Scarface" (1932), de Howard Hawks


7. "Pulp Fiction - Tempo de Violência" (1994), de Quentin Tarantino


8. "Inimigo Público" (1931), de William A. Wellman


9. "Little Ceasar" (1931), de Mervyn Leroy


10. "Scarface" (1983), de Brian de Palma



Mistério



1. "Um Corpo que Cai" (1958), de Alfred Hitchcock


2. "Chinatown" (1974), de Roman Polanski


3. "Janela Indiscreta" (1954), de Alfred Hitchcock


4. "Laura" (1944), de Otto Preminger


5. "O Terceiro Homem" (1949), de Carol Reed


6. "Relíquia Macabra" (1941), de John Huston


7. "Intriga Internacional" (1959), de Alfred Hitchcock


8. "Veludo Azul" (1986), de David Lynch


9. "Disque M para Matar" (1954), de Alfred Hitchcock


10. "Os Suspeitos" (1995), de Bryan Singer



Desenho animado



1. "Branca de Neve e os Sete Anões" (1937)


2. "Pinóquio" (1940)


3. "Bambi" (1942)


4. "O Rei Leão" (1994)


5. "Fantasia" (1940)


6. "Toy Story" (1995)


7. "A Bela e a Fera" (1991)


8. "Shrek" (2001)


9. "Cinderela" (1950)


10. "Procurando Nemo" (2003)



Comédia romântica



1. "Luzes da Cidade" (1931), de Charles Chaplin


2. "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" (1977), de Woody Allen


3. "Aconteceu Naquela Noite" (1934), de Frank Capra


4. "A Princesa e o Plebeu" (1953), de William Wyler


5. "Núpcias de Escândalo" (1940), de George Cukor


6. "Harry e Sally - Feitos Um para o Outro" (1989), de Rob Reiner


7. "A Costela de Adão" (1949), de George Cukor


8. "Feitiço da Lua" (1987), de Norman Jewison


9. "Harold and Maude" (1971), de Hal Ashby


10. "Sintonia de Amor" (1993), de Nora Ephron



Faroeste



1. "Rastros de Ódio" (1956), de John Ford


2. "Matar ou Morrer" (1952), de Fred Zinnemann


3. "Os Brutos Também Amam" (1953), de George Stevens


4. "Os Imperdoáveis" (1992), de Clint Eastwood


5. "Rio Vermelho" (1948), de Howard Hawks


6. "Meu Ódio Será sua Herança" (1969), de Sam Peckinpah


7. "Butch Cassidy" (1969), de George Roy Hill


8. "Jogos e Trapaças - Quando os Homens São Homens" (1971), de Robert Altman


9. "No Tempo das Diligências" (1939), de John Ford


10. "Dívida de Sangue" (1965), de Elliot Silverstein



Esportivos



1. "Touro Indomável" (1980), de Martin Scorsese


2. "Rocky - Um Lutador" (1976), de John G. Avildsen


3. "Ídolo, Amante e Herói" (1942), de Sam Wood


4. "Momentos Decisivos" (1986), de David Anspaugh


5. "Bull Durham" (1988), de Ron Shelton


6. "The Hustler" (1961), de Robert Rossen


7. "Caddyshack" (1980), de Harold Ramis


8. "O Vencedor" (1979), de Peter Yates


9. "A Mocidade é Assim Mesmo" (1944), de Clarence Brown


10. "Jerry Maguire - A Grande Virada" (1996), de Cameron Crowe



Fantasia



1. "O Mágico de Oz" (1939), de Victor Fleming e King Vidor


2. "O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel" (2001), de Peter Jackson


3. "A Felicidade Não Se Compra" (1946), de Frank Capra


4. "King Kong" (1933), de Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack


5. "De Ilusão Também se Vive" (1947), de George Seaton


6. "Campo dos Sonhos" (1989), de Phil Alden Robinson


7. "Harvey" (1950), de Henry Koster


8. "Feitiço do Tempo" (1993), de Harold Ramis


9. "O Ladrão de Bagdá" (1924), de Raoul Walsh


10. "Quero Ser Grande" (1988), de Penny Marshall



Ficção científica



1. "2001: Uma Odisséia no Espaço" (1968), de Stanley Kubrick


2. "Star Wars: Episódio 4 -Uma Nova Esperança" (1977), de George Lucas


3. "E.T. - O Extra-Terrestre" (1982), de Steven Spielberg


4. "Laranja Mecânica" (1971), de Stanley Kubrick


5. "O Dia em Que a Terra Parou" (1951), de Robert Wise


6. "Blade Runner - O Caçador de Andróide" (1982), de Ridley Scott


7. "Alien - O Oitavo Passageiro" (1979), de Ridley Scott


8. "O Exterminador do Futuro 2" (1991), de James Cameron


9. "Vampiros de Almas" (1956), de Don Siegel


10. "De Volta para o Futuro" (1985), de Robert Zemeckis



Tribunais



1. "O Sol é para Todos" (1962), de Robert Mulligan


2. "12 Homens e uma Sentença" (1957), de Sydney Lumet


3. "Kramer vs. Kramer" (1979), de Robert Benton


4. "O Veredito" (1982), de Sydney Lumet


5. "Questão de Honra" (1992), de Rob Reiner


6. "Testemunha de Acusação" (1957), de Billy Wilder


7. "Anatomia de um Crime" (1959), de Otto Preminger


8. "In Cold Blood" (1967), de Richard Brooks


9. "Um Grito no Escuro" (1988), de Fred Schepisi


10. "Judgement at Nuremberg" (1961), de Stanley Kramer



Épico



1. "Lawrence da Arábia" (1962), de David Lean


2. "Ben-Hur" (1959), de William Wyler


3. "A Lista de Schindler" (1993), de Steven Spielberg


4. "...E o Vento Levou" (1939), de Victor Fleming


5. "Spartacus" (1960), de Stanley Kubrick


6. "Titanic" (1997), de James Cameron


7. "Nada de Novo no Front" (1930), de Lewis Milestone


8. "O Resgate do Soldado Ryan" (1998), de Steven Spielberg


9. "Reds" (1981), de Warren Beatty


10. "Os Dez Mandamentos" (1956), de Cecil B. DeMille



Fonte: EFE/Folha Online

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Nocet: 20 anos de rock n' roll

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Written on 17:51:00 by Maurício Angelo


Rock n' roll. Poucos grupos no Brasil podem se gabar de praticá-lo com competência. A Nocet, de Santa Maria, Rio Grande do Sul, há 20 anos na estrada, é uma delas. Um desses casos de incompreensível permanência no underground após tanto tempo, o power trio gaúcho, divulgando o álbum "Bullets", de 2006, e preparando uma nova investida em âmbito nacional, deu esse relato para a Movin' Up.


Movin' Up - Tão afastados do resto do país, que diferença vocês notam no rock produzido deste lado da fronteira?


Marcus Molina - A principal diferença que vemos é a grande influência que o 'Rock Gaúcho' traz do Rock dos anos 60 e 70, principalmente a cena britânica deste período: The Beatles e os Rolling Stones, The Who, Led Zeppelin, Black Sabbath, Deep Purple, Cream, Yes, Pink Floyd, etc. Também não dá para deixar de fora algumas semelhanças regionais, nesse caso mais norte-americanas, tipo Bob Dylan, Creedence Clearwater Revival e, é claro, "O Rei" Elvis Aaron Presley. O 'resto do país', como você se refere, parece ter uma pegada mais influenciada no Punk, Pós-Punk, ou no Heavy Metal, nos casos de RJ, SP e MG.


Movin' Up - 20 anos e apenas dois álbuns. Não é pouco? Que dificuldades a NOCET enfrentou nesse período?


Na realidade, se formos computar outras produções da banda, como as performances ao vivo (arquivos em cassete ou VHS) de canções que sequer foram gravadas num estúdio, as coletâneas e os bootlegs, acho que daria para lançar, pelo menos, um álbum duplo. Tem até trilha sonora para peça de teatro infantil (rs...). As dificuldades que a banda enfrentou são as mesmas que qualquer banda enfrenta; a grana, ou a falta dela (rs...), os diferentes interesses dos integrantes, a carência de lugares onde tocar e, por que não citar, até mesmo alguma resistência por parte da metrópole - a capital. É bem verdade que a opção pela língua inglesa nas letras também deu uma certa dificultada em nível nacional, preconceito este que, alias, só nos últimos três ou quatro anos tem diminuído.


Movin' Up - Até chegar ao formato power trio atual houveram muitas brigas entre os antigos integrantes? Como este line-up auxilia nas funções de uma banda?


Diferenças sempre existem, as vezes de influências musicais, as vezes de convicção de idéias, ou mesmo de personalidade, mas nenhum 'mal' do qual outras bandas também já não tenham sofrido. A mais relevante de todas e, que talvez tenha resultado numa mudança estética na sonoridade da banda, foi no final dos 90, quando a maioria dos integrantes resolveu priorizar interesses pessoais. Daí foi a 'diáspora' né (rs...); é como diz o ditado, "cada um com seus cada qual" (rs...). A formação atual, mais enxuta e econômica para quem paga (rs...), resulta numa sonoridade mais crua, mas mais 'aeróbica'; tanto quem toca, quanto quem ouve, consegue respirar melhor, saca? ...sem 'frescuras' mesmo e, é claro, exige mais criatividade nos arranjos. Não dá para encher as músicas de 'firulas' no estúdio e depois não conseguir reproduzi-las on stage. Sem contar que, mesmo 'enfiando a mão', tipo com volume no talo mesmo, toda a banda aparece ...and that's cool! ; )



Movin' Up - Santa Maria, cidade universitária, é conhecida em todo país pelo padre-guru da nova era Lauro Trevisan. Como é conviver com o tradicional (a igreja) e a vanguarda (a universidade) tão de perto?


Este clima influencia nas músicas? Não acreditamos em nenhuma opção messiânica, de auto-ajuda ou coisas do gênero. Uma vez ele escreveu algo, num jornal local, sobre síncopa, ou compassos sincopados; ele dizia que não fazia bem para o coração, pois o ouvinte teria seu batimento cardíaco alterado conforme as diversas alterações do ritmo, num curto espaço de tempo. Lembro que ficamos perplexos, diante de tamanha bobagem. Também pudera, escutávamos quase que só progressivo na época. Não estamos sintonizados nessas idéias, mas não chega a ser um 'bode na sala'. O último prenúncio de Nova Era ao qual assistimos foi o Hair (rs...); alias, que baita filme né hein? (rs...) Com relação à universidade, ela não é tão vanguardista assim, mas é o nosso público mais fiel. A banda surgiu dentro dela. Fizemos shows no RU do campus, em vestibulares, festivais e mostras universitárias. Arrisco dizer que é o que nos mantém em pé; são as nossas 'brigadas'. Eles são sempre tri Rock 'n Roll e, por conseqüência, nossa maior influência.


Movin' Up - 20 anos é um bom tempo. Quais as principais diferenças que vocês notam na cena, de quando começaram pra hoje?


A principal diferença é a Internet, ou seja, acesso a tudo, artes e tecnologias; mas esta é a parte boa. Toda essa acessibilidade no espaço virtual gera uma preguiça mental medonha. Sem falar no espaço físico para divulgação que, pelo menos localmente, está cada vez mais escasso. Globalmente falando, este espaço está cada vez mais saturado e, o pior, de coisas com qualidade questionável. Parece não haver nada de novo ou genuíno. Não é preconceito de nossa parte, é falta de conceito no todo.


Movin' Up - Estaria mais fácil ou mais difícil para um grupo independente fazer sua própria história?


Virtualmente está mais fácil, sem dúvida. Mas na real, prá tocar, fazer shows nos lugares onde está o teu público, ainda existem dificuldades técnicas e de logísticas. A grande sacada são e, sempre foram, os festivais; esses são os espaços mais legais e mais 'democráticos' do momento.


Movin' Up - Olhando de fora, o rock gaúcho parece uma panela fechada e muito cheia de si. Quanto de soberba e de verdade tem nessa história?


A soberba fica por conta das bandas porto-alegrenses de maior evidência nos anos 80 (Engenheiros do Hawaii e Nenhum de Nós, para citar só dois exemplos) que, sem dúvida, trouxeram grande contribuição para a cena 'rocker brazuka' dessa época. Mas, para podermos usar a expressão "Rock Gaúcho", entendemos que a verdade só se revela integralmente nos 2000, quando a presença emblemática de bandas também do interior, descentralizou a atenção da grande mídia, meio que quebrando a hegemonia da capital. Só para exemplificar duas - Cachorro Grande e Fresno, que apesar de terem chamado a atenção de empresários de Porto Alegre e, dali partido para o estrelato nacional, vieram de outros rincões; e, cá entre nós, que p*t*s bandas!



Movin' Up - Como foi a recepção de "Bullets"? Sonoramente, o que ele representa para o grupo?


Embora já tenham se passado ano e meio do lançamento oficial do "Bullets" (2006), em nível regional diríamos que a receptividade foi ótima, dado a mudança na estética sonora da qual mencionamos anteriormente. Temos o entendimento de que evoluímos musicalmente. Não perdemos fãs, pelo contrário, só agregamos mais público. Em nível nacional, ainda que com delay, estamos começando a 'botar o bloco na rua' e preparando uma divulgação massiva no centro do país para o segundo semestre. Já 'na gringa' a coisa tem que ser com mais cautela, mas alguns contatos com importantes festivais norte-americanos, europeus e asiáticos estão começando a ser estabelecidos. Vai dar Rock (rs...).


Movin' Up - O clip de "Maragato Robot" foi feito dum modo interessante. Como foi a experiência de atuação no vídeo e a quantas mãos ele saiu? Dada a popularização e as inúmeras formas de exploração do vídeo digital, este é um formato viável para bandas independentes no momento?


Feito no mais tradicional e glorioso espírito cooperativo, o clipe foi produzido durante a Oficina de Videoclipe do VI Santa Maria Vídeo e Cinema, sob os - 6º C, proporcionados pelo imperdoável inverno da serra de Itaara/RS, com direção de Cristiano Zanella, fotografia de Giovani Rocha, co-produção da Finish Filmes e a 'mão na massa' dos 14 oficineiros que, além de botarem a teoria em prática, usaram como ordem, a palavra "diversão". No que se refere à atuação, o resultado até que ficou bem legal, pois já que nossas 'latinhas' não ajudam muito - e não estamos nem aí prá isso (rs...), a coisa se reduziu a ...just plug and play. O vídeo digital é a grande sacada, pois possibilita fazer, literalmente, qualquer coisa, sob diversas formas de captura, em qualquer formato e com qualidade proporcional a qualquer orçamento. Depois, é só postar no You Tube; e aí meu, já era.



Movin' Up - Como estão as gravações do novo CD? Planos para comemorar os 20 anos?


Na realidade ainda não passa pela nossa cabeça entrarmos em estúdio. Estamos naquela fase de afinar os arranjos, ensaiar pracara*** e enfim, entre um churrasco e outro, irmos tomando intimidade com as novas canções, para que elas 'nos convençam' e, então produzir alguns leiautes. Não temos intenções de revelar nada antes do final do ano. A única coisa que podemos adiantar é que abriremos espaço para letras em português e, por que não, em outros idiomas. Queremos sim produzir algum material no formato vídeo, com performances da banda em palco, com público e tal. Nossos fãs nos cobram muito um DVD ao vivo. De repente, pode servir como um preview para algo maior, daí sim em comemoração aos 20 anos.


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Jamelão: cortejo ao mestre do samba

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Written on 14:00:00 by Maurício Angelo


Um dos maiores nomes da história do samba brasileiro, Jamelão (José Bispo Clementino dos Santos), intérprete por quase 60 anos dos samba-enredo da Estação Primeira de Mangueira, o mais adorável mau-humor da MPB, foi enterrado hoje no cemitério São Francisco Xavier, na zona norte do Rio, ovacionado por dezenas de amigos e admiradores. O cantor e compositor morreu de falência múltipla dos órgãos, aos 95 anos de idade, no último sábado, 14.


Todas as reverências ao mestre do samba.

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Orloff Five: novo festival

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Written on 13:41:00 by Maurício Angelo

O Hives e seus terninhos

O segundo semestre no Brasil é a temporada onde, por tradição, acontecem os maiores shows, eventos e festivais, gerando uma verdadeira avalanche de atrações. Nos últimos anos, várias iniciativas têm surgido para engrossar esse caldo: Claro Q É Rock, Campari Rock, Planeta Terra, Motomix, etc. Bem-sucedidos ou não, fato é que as empresas voltaram a dar atenção - e patrocínio - a eventos de música, o que é muito, muito bom.


A Orloff é o mais novo nome a apostar no seu próprio festival. O Orloff Five está marcado para o dia 06 de setembro, no Via Funchal, em São Paulo/SP. As atrações confirmadas até agora são os suecos do Hives (que estouraram em 2001 na onda do novo rock com o hit "Hate To Say I Told You So" e depois deram uma sumida, não alcançando a mesma repercussão), o Melvins, velho na cena e a coqueluche Plasticines, da França, além do DJ estadunidense Tittsworth, para fazer a trilha sonora dos intervalos. Do lado brasileiro, o único nome é o Vanguart.


Agora é esperar pra ver como o evento é conduzido e se, quem sabe, vinga, gerando outras edições.

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