Aforismos Musicais
Written on 15:45:00 by Maurício Angelo
A primeira colaboração é de um amigo bastante peculiar, que terá um espaço de peridiocidade indefinida, livre, a princípio, para que ele apresente seus aforismos musicais. Aforismo é uma figura de linguagem que busca, em poucas palavras, numa sentença, exprimir pensamentos, provocações, axiomas, etc. Método muito usado por filósofos como Nietzsche e Emil Cioran.
Thiago L. Garcia, o nome do maluco, também é filósofo. Tem um gosto musical bem idiossincrático - na falta de um termo melhor - e escreveu sobre música no site Whiplash!, tendo inclusive uma coluna de música folclórica por lá: That's All Folk.
Você não costuma ver este tipo de coisa em sites de "jornalismo", tampouco nos de "cultura". Tanto melhor. Aproveite.
I
Na música popular não há nada mais velho do que o culto à novidade e, no entanto, não há nada mais igualmente atual do que o culto ao velho...distintos tempos estes nossos.
É necessário incinerar as revistas, jornais, livros, guias, manuais, relógios e calendários...e, então, ouvir.
O que a “crítica musical” pode fazer é traçar mitos...imagine os seus, oras!
Uma farsa planejada apenas para nós mesmos não é mentirosa , certo?...Diga isto para os pastores tagarelas da indústria cultural.
Dizer que a cultura de hoje é infantil é uma grande bobagem; quando as crianças são estúpidas elas não ganham dinheiro e ficam famosas por isto!
A criança que é nossa cultura usa terno e gravata, anda armada e dirige carros importantes...“Uma criança prodígio, sem dúvida.”.
Sejamos, pois, crianças como Syd Barret!
II
Só existem dois tipos de música: a ruim e a boa...eu gosto de ambas!
Boa música é como vinho...eu prefiro cerveja.
Qual é o truque? A alegria infantil é, por vezes, grosseira!
Mas eu gosto de Bach: O milagre de transformar vinho Beaujolais Pinot Noir em Cerveja Belco!
III
Chesterton acerta em cheio, o prazer dos refrões é resíduo do enorme prazer infantil em correr, saltar, cair, levantar, correr novamente, e saltar mais uma vez e assim por diante, ad infinitum, ou até cansar (mas quem se cansa de ouvir Phil Spector, Ramones, Beatles(...)?)
O prazer de ouvir Bach: Maratona mística sobre as riscas do tapete da sala, com o coração na mão e lágrimas nos olhos.
Le plaisir d’écouter Erik Satie: Promanade matinal no país das maravilhas.
Das Vergnügen des Zuhörens Arnold Schonberg: Fuga desesperada através dos arames farpados de Auschwitz (eu acho).
The great pleasure of listening to John Dowland: Elegante trote, em nosso corcel majestoso, até o nobre coração da donzela da corte mais próxima.
O prazer de ouvir....Mose Allison: “Você chama de ‘jogging’, eu chamo de ‘correr por aí’”!