Proposta

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Written on 21:46:00 by Maurício Angelo

Ainda que tardia, é bom exemplificar a proposta deste site. Seja no primário formato blog, seja com a cara que ele terá daqui há um tempo, já que está sendo pensado em âmbito acadêmico e jornalístico, na teoria e na prática, ele se leva bastante a sério - com a permissão de, quem sabe, ser irreverente às vezes.


Com a cibercultura presente na minha vida desde os 12 anos, faço parte da geração que cresceu junto com a web no Brasil, tornando-se uma escolha natural meu propósito de trabalho dentro deste meio. Considero que a internet revolucionou tudo e todos: a mídia de uma forma geral, o jornalismo, a música, o cinema, as possibilidades de expressão, a idéia que temos do mundo, nossos hábitos, nossos círculos, e sempre cresceu e se aprofundou porque é, desde o início, uma representação da nossa vida como ela é (e/ou na verdade como ela é interpretada atualmente, justo em virtude deste cenário): feita de conexões, "links", teias. World Wide Web: a grande teia mundial.



Está em sua essência e por isso ela é tão importante, se espalhou tão rápido e tornou-se natural. E por isso as redes de relacionamento como orkut, facebook, myspace, (e blogs, fóruns, fotologs, twitter, msn, skype, etc), se proliferam e fazem um sucesso tão grande. É como a vida se manifesta, "materializada" e "executada" num suporte virtual - fac-símile do "real" - rápido e acessível, como a modernidade, dando vazão a essas aspirações e criando infinitas possibilidades. O mundo move-se através de links, indicações, conhecidos, contatos, afinidades, interesses, cada amigo nos leva a outro, a um novo âmbito social, novos lugares, pessoas, climas, conhecimentos e assim que a vida gira, antes, durante e depois da internet - potencializada com ela - "keep discovering": seguir descobrindo.



E, mais importante, a internet quebrou com o monopólio da mídia, da indústria fonográfica, redefiniu conceitos, destruiu barreiras, ofereceu um novo mundo onde o usuário comum tem a oportunidade de se manifestar, tem poder, voz. Tudo é mais acessível, os pontos de vista, ampliados, a "verdade", contada de inúmeras maneiras, as discussões pluralizadas, e assim sucessivamente. Pierre Lévy, nas páginas 28/29 de seu livro "Cibercultura", define o ponto: "O estabelecimento de uma sinergia entre competências, recursos e projetos, a constituição e manutenção dinâmicas de memórias em comum, a ativação de modos de cooperação flexíveis e transversais, a distribuição coordenada dos centros de decisão, opõem-se à separação estanque entre as atividades, às compartimentalizações, à opacidade da organização social. Quanto mais os processos de inteligências coletiva se desenvolvem - o que pressupõe, obviamente, o questionamento de diversos poderes -, melhor é a apropriação, por indivíduos e por grupos, das alterações técnicas, e menores são os efeitos de exclusão ou de destruição humana resultantes da aceleração do movimento tecno-social. O ciberespaço, dispositivo de comunicação interativo e comunitário, apresenta-se justamente como um dos instrumentos privilegiados da inteligência coletiva."



No meio disto, o jornalismo, e a cultura.



Para tentar um diferencial, primeiro, o conteúdo: a maneira de se abordar as notícias. Por isso seu "slogan", seu mote por excelência, definido no título, é: Informação & Pimenta. Expressando sua vocação para o jornalismo informativo, sim, mas sem pudor com seu viés crítico e compromisso com o público, na clareza e na acidez.



Também, funcionar como um centro agregador de notícias e matérias dos mais variados estilos, quase sem restrições, do metal a mpb, incluindo jazz, pop, rock, blues, etc, sempre focado num tipo de público especifico, aquele que realmente se interessa pela música, tanto em termos de consumo como de informação, indo atrás, acompanhando e ávido por saber as novidades da área.



Outro foco principal é divulgar a cena independente brasileira. O cenário "indie" se encontra em seu melhor momento, com inúmeras bandas de qualidade conseguindo fazer um bom trabalho sem o apoio de grandes gravadoras, movimentando todo um conjunto de coisas que giram a música no país alheio aos grandes jabás e a velha forma de se vender, fazer e consumir.



Para tanto, algumas diretrizes são necessárias. Talvez seja uma contradição "impor" certas "regras" para o funcionamento de um sítio que se propõe livre e plural. Mas tudo carece de um rumo mínimo, de um conjunto de idéias e preceitos que visam não apenas dar identidade ao conteúdo como corrigir (e evitar) possíveis distorções. É um guia tanto para mim, editor, como para quem vier a se interessar a fazer parte dela.



Antes de dizer o que a Movin' Up é - ou quer vir a ser - é importante ressaltar o que ela não é.



A revista NÃO É:




  • Um site só de rock, pelo contrário.

  • Ufanista - apesar de ter como um dos principais objetivos divulgar a cena brasileira, ufanismo nunca, jamais é bem vindo. Prender-se a questões locais para vangloriar isto ou aquilo deve ser algo a evitar, sempre.

  • Covarde - não tem medo de assumir suas posturas e opiniões.

  • Aberto a todo, qualquer um e qualquer coisa.

  • Um hobby. A Movin' Up não é apenas um divertimento ou distração de quem queria apenas um lugar novo e diferente para escrever. Não mesmo. O site se leva muito a sério, no seu trabalho, suas diretrizes, o que constrói e quer construir.

  • Livre de concessões. Se abrir concessões significa ter que tomar medidas visando o bem, disto ou daquilo, sem dúvida o faremos. No entanto, isto nunca afetará seu conteúdo principal nem coloca qualquer tipo de empecilho e/ou mancha na sua abordagem.

  • A revista não quer todo tipo de público. Claro que visamos, sim, o acesso: quanto mais acessos, melhor. Mas não seremos nem é nosso mote principal fazer de tudo para atrair público nem tornar os textos mais acessíveis. O site se faz exigente assim como seus leitores tem que ser. Queremos qualidade e gente capaz de compreender e interagir com o conteúdo apresentado. Não fazemos questão nenhuma de vir a ser "pop", no pior sentido possível.



O que a Movin' Up É:




  • Revista eletrônica diária de música, cinema, literatura, eventos e espetáculos. Outros temas podem vir a aparecer. Contudo, são - poucas - exceções. A idéia não é expandir o foco longe demais para não perdê-lo. Quem quer cobrir tudo, acaba não cobrindo nada. Numa abertura muito ampla, quase nada acaba sendo abordado devidamente e textos pecam pela qualidade.

  • Informativa: jornalismo rápido e de notícias tem, sim, seu espaço e sua importância, mas não é nossa obsessão principal. A idéia não é virar um depositário de notícias jogadas a esmo. A Movin' Up informa, mas sempre tentando uma abordagem, uma contextualização, um link e um comentário diferente. Conteúdo próprio - e não notícias que todos podem dar - tem mais relevância dentro do site.

  • Pimenta: gostar do tempero, inclusive, é um bom começo. Pimenta arde, dá cheiro, gosto, presença. Toca. Deixa a sua marca. Não deixa nada ileso. É quente, sensual, variada, de inúmeras cores e sensações. É esta a intenção: informação e pimenta.

  • Revista: a alcunha de jornalismo - eletrônico - de revista é para fazer contrapeso ao de jornal. Simboliza uma abordagem mais livre, ampla, reflexiva, arejada e menos seca/factual.

  • Atualizada diariamente: a atualização diária faz-se necessária para que o leitor tenha sempre coisas frescas à sua disposição.


Referências: vida, trabalho, leituras, audições, gastronomia, experiências, reflexão, visão, sentidos, trabalho, trabalho e trabalho. O resto é história.

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